Cada lembrança, momentos vividos, alegrias e tristezas. Todos retratados aqui. Pensamentos inuteis mas que jamais iremos esquecer, pessoas importantes que se vão e fazem você notar a importancia dos sentimentos. Mesmo assim muitas vezes a frieza permanece, porque jamais conseguiremos mudar o que somos!
Sem motivos
sábado, 23 de abril de 2011
Quase... Ainda pior que a convicção do não, e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que se escapam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairam do papel, por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me as vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna? A resposta eu sei de cor, esta estanpada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia" quase que sussurados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-iris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um trás dentro de si. Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores impossiveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo te impeça de tentar. Desconfie do destino e acredote em você. Gaste mais horas realizando do que sonhando... Fazendo que planejando... Vivendo que esperando... Porque, embora que quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Luis Fernando Veríssimo
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